Retalhos
Eu sempre fui de escrever assim: sem compromisso.
Vou percorrendo o mundo como uma grande folha em branco, rabiscando uma palavra aqui, outra ali, costurando, de ponto em ponto, a minha própria colcha de retalhos.
Uma palavra aqui, outra ali, com uma rima no meio para dar a liga de um soneto.
Gosto do estilo livre de escrever, de criar a minha própria moda, meu próprio figurino.
Não precisa fazer sentido, precisa apenas cair bem.
Não tem que ser alinhado, afinal, não é uma costura profissional.
Tem meu número, meu tamanho, minha medida certa.
E como ele tem.
O problema é que, as vezes. me sinto descoberta.
A colcha de retalhos parece que nunca vai ficar pronta.
Formar aquele um retângulo grande e conciso.
Não é raro eu perder um texto, como quem perde uma agulha.
Não é raro eu errar um ponto e recomeçar de novo a costura.
Não é raro eu me esquecer onde está aquele retalho que já foi cortado, mas perdido em meio a tantos restos sem valor.
Como eu queria sair da costureira de esquina para a estilista de Paris.
Mas talvez ainda me falte um pouco de técnica e calos nos dedos...
Eu sei que vou chegar, mas até lá, ficarei por aqui
Colecionando modelagens e brincando de não passar frio...