quinta-feira, 29 de julho de 2010


Em Linhares, tem-se pouco dinheiro, mas muito tempo para gastar.
As pessoas vivem da alegria das outras.
Frequentam a casa uma das outras.
Comem a comida uma das outras sem se preocupar em repor.

Em Linhares, não se tem horário de visita, nem horário de saída.

As pessoas se cumprimentam nas ruas sem nunca terem se visto e todo mundo que se sabe é filho ou neto de algum conhecido.

Em Linhares, o café tem cheiro de café ás três da tarde.

As pessoas gritam pelas ruas. Gritam em frente as casas. Entram sem bater.

Pegam o cachorro do vizinho e o colocam para dormir na própria cama, para que não estranhe a casa nova.

Em Linhares é possível se andar a pé.
É possível se andar com pés descalsos.

Ninguém sabe o que é GPS, mas sabe que a rua que se procura é logo ali, perto da praça ou da igreja.

As pessoas compram por comprar e se orgulham do que tem.
Em Linhares, a gente leva a vida como um barquinho que navega em um mar calminho, calminho.
Sem pressa de chegar, sem rumo a se tomar, sem medo da tormenta.

Se navega porque é preciso.

É simples a vida e não é preciso complicar.

Em Linhares respira-se. Embeda-se de tanto viver.

[tapestrips: pugly pixel]

Um comentário:

Cice Galoro disse...

Linhares... O nome já é uma lembrança, das linhas de tecer, de costurar o que se rasgou e que ainda tem muito jeito, de acreditar que ser simples fica muito melhor que ser tanto.
Quero ir lá Julia. Você só podia ser filha dessa terra mesmo.